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VAGALUME: LUZ DE SABEDORIA ANCESTRAL


Prezados leitores, 

neste espaço intitulado: "Vagalume: Luz de Sabedoria Ancestral", pretendemos trazer à luz flashes de sabedoria que iluminam o caminharda nossa humanidade. 

Desta vez publicamos aqui um pronunciamento da Senadora Tarija Rina Aguirre realizado na "Conferência Mundial dos Povos sobre as Mudanças Climáticas e o Direitos da Mãe Terra", em Cochabamba, Bolívia no ano de 2010. Suas palavras são como um vagalume que ilumina no meio da escuridão.  

“IDEIA, UMA IMAGEM QUE FAZEMOS DA REALIDADE”

Ao falar da idéia temos pensado: “O que é a idéia?” É uma imagem que fazemos da realidade. Se as idéias são boas, as ações são boas. Quando as idéias são más, as ações são más. E quando as ações são boas, então, nós fazemos uma coisa que os entendidos chamam de teoria; ou seja, pensamos e temos muitos pensamentos; alicerçamo-nos para fazer coisas, e nossa prática é boa. Quando a teoria é má a nossa prática é má. E aplicado isso à nossa vida, temos pensado: “Os nosso avôs tinham muitas idéias boas para tratar a terra. A tratavam como a uma mãe; e lhe reconheciam a capacidade de alimentar-nos, de nos manter vivos; a generosidade para produzir tantas diversas vidas; e essas idéias da terra como mãe, levaram a boas teorias e disseram nossos avôs: “Tratemos à terra com amor, tratemos à terra com carinho, tratemos à terra como mãe, com respeito e lhe devolvamos o alimento que ela nos dá para que ela também se fortaleça.” E então, os nossos antepassados não atropelavam à vida, da mãe terra. Não lhe jogavam químicos; a fertilizavam, a faziam mais fecunda, a alimentavam com o mesmo que ela nos dava: Enterravam o bagaço da cana; o que ficava da colheita do milho; o que ficava da colheita de favas; e assim ao mesmo tempo que os povos cresciam sadios e fortes com os bons alimentos, nessa teoria de tratar à terra como mãe, a terra se fortificava e nossos vales eram verdes. Nunca nossos antepassados jogaram nada que lastime, que suje a água; porque sabiam que a água, era: as veias abertas de nossa mãe, pelas que corria a vida e que quando ela se derramava pelos campos, a fecundava para à vida; e os alimentos continuavam sendo sadios.

Nós não conhecíamos o câncer, não se nos caia o cabelo nem os dentes, nossas wawas cresciam inteligentes, ágeis; os chasquis não levavam em suas bolzinhas alimentos poluídos e por isso podiam correr tanto; nós não íamos ao mercado a querer comprar tomates do tamanho de toronja, porque sabíamos que os tomates têm o seu tamanho próprio; porque não havia químicos. Tínhamos uma cultura da vida; uma cultura do respeito; uma cultura do equilíbrio no trato com os outros seres vivos da natureza; porque tudo em nosso entorno é vida. E essa era uma teoria boa que nós levava a uma prática boa. E chegaram de países distantes, de corações interessados que não eram como os nossos, que não tratavam às coisas com amor, com respeito; chegaram avarentos, com fome, com necessidade de acumular, de explorar, como disse um momento atrás nosso companheiro; de extrair, de acumular, de converter tudo em mercadoria para levar a vender. E daí nos levaram a pensar que eram melhores os ovos e as coisas artificiais; que era melhor colocar químicos à terra e começamos a agredir à nossa mãe.

O desafio deste evento, irmãos, é que cada um acorde em seu coração a força para recuperar a sabedoria dos nossos avôs; para saber que a cobiça e a ambição não são boas; que está acabando com nossa vida como nos disse o companheiro quando nos falava das llamas, quando nos falava das batatas; estava nos falando de nossa vida. Temos que nos convencer de ter boas idéias e ter uma boa prática; para ter umas boas teorias e ter uma prática que nos leve a defender a vida. Não vai adiantar em nada que nem chineses, nem não sei quantos, queiram nos devolver em dinheiro o que nos roubaram em sangue. O que devemos fazer é unir a nossa força, nossa voz, nossa vontade, para que com essas idéias não lhes permitamos, nunca mais! Extrair sem motivo, nada da terra. Nunca mais! Esgotar a vida que há em nosso entorno com pesticidas. Nunca mais! Ficaremos calados diante o que significa extrair só para produzir dinheiro e aumentar capitais para uns poucos. Como disse o irmão que me antecedeu: “todos temos direito a viver bem”. Mas o viver bem é uma luta conjunta. Não conseguirá ninguém sozinho viver bem. Por isso aqui dissemos em coletivo: “nossa vida em América Latina, no mundo para defender a vida, deve criar uma cultura de vida”. O que é uma cultura? Já dissemos: é a forma de fazer. Já aprendemos:  Que tendo uma cultura de vida, um dia a trocamos insensivelmente pela cultura da morte; querendo acumular, tendo mais dinheiro. Já estamos descobrindo que isso não adianta em nada. Temos que voltar à velha cultura da vida; não a acumular, mas a fazer uso correto dos bens que nos dá a mãe terra. A viver nela com equilíbrio e com respeito; e assim seguramente conseguiremos que os nossos montes não se desgelem mais; seguramente conseguiremos que cresçam mais todos nossos animais; que dê mais fruto nossa mãe, que agradecida por tê-la cuidado, possa ser tão fértil como foi, por nosso cuidado. Essa é uma proposta irmãos de criar uma cultura da vida, uma cultura de respeito. E dizer-lhe: nunca mais! À cultura da morte. Obrigado. 

Cochabamba, Bolívia,

19 de abril de 2010

Postado por Ruiz Alvarez Pedro Saul, s.x.


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