Sou a Patrícia atuo na igreja dedse os 12 anos de idade. Sou casada com o Ricardo e temos uma filha, a Maria Beatriz. Atualmente faço parte dos leigos missionários xaverianos. Vivo minha vocação de leiga missionária no testemunho e na coerência da fé.
Desde cedo fui cativada e incentivada para viver autenticamente minha fé. Aprendi a me deixar motivar por outros exemplos e também a tentar ser incentivadora para com outros leigos (as).
Quando era adolescente sonhava em viajar em missão. Me encantou demasiado a vocação dos missionários xaverianos que deixam sua pátria, sua família e que abraçam outras culturas, outros hábitos, uma nova gente. Chegou a passar no meu coração a vontade de ser religiosa, conversei com padres, com minha mãe... mas logo entendi que essa não era exatamente a minha vocação.
Sempre fui atuante na vida da comunidade colaborando na equipe de festas, de arrecadação, como catequista, participando ativamente da PJ (Pastoral da Juventude), do conselho comunitário, da Liturgia, das CEB's (Comunidades Eclesiais de Base), do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos), da Pastoral da Criança, da Pastoral Familiar... em tudo o que faço tenho como ponto central a fé em Jesus Cristo "O Amor de Cristo é o que nos impulsiona, quando consideramos que um só morreu por todos nós" (2 Cor 5,14).
Entendo que a minha vocação é particular, que é minha, ela só vale se é vivida para o coletivo. Tudo ficou mais forte e melhor entendida a minha vocação missionária quando comecei a participar dos Leigos Missionários Xaverianos.
Em 2009 principiamos na minha paróquia do Sagrado Coração de Jesus, junto com o Pe. Rafael, um pequeno grupo que procurava entender mais sobre a espiritualidade xaveriana. No final de 2010, foi organizada junto com os padres João e Rafael a primeira Assembleia dos Leigos Xaverianos em Hortolândia/SP, que reuniu leigos que algum tempo participavam do carisma xaveriano: havia quem rezavam o terço missionário, ou se reuniam nas casas para falar de missão, ou na igreja buscando conhecer os Santos que inspiraram a missão ad gentes.
Nesta Assembleia senti uma chama se acender, uma esperança florescer, um despertar... um encontro comigo mesma, uma resposta. E desde então, em mais de 10 anos de caminhada fui amadurecendo minha fé, vocação e missão. Compreendi a beleza e a profundidade das palavras de São Guido Maria Conforti relatadas no item 10 da Carta Testamento: "ter um espírito de fé viva que nos faça ver Deus, buscar Deus, amar a Deus em tudo e em todos, incentivando em nós o desejo de propagar em todos os lugares o seu Reino".
Percebi que a missão se faz com as mãos dos que trabalham, ajudam e colaboram, inclusive financeiramente; com os joelhos dos que rezam; com os pés dos que partem e assim, mesmo casada, com uma filha pequena, se não forem os pés que partem para a missão, eu sou parte do projeto, e mesmo que outro vá fisicamente, com a minha contribuição, estarei lá também com minha fé e ação. Esse é um sonho dos Leigos Missionários Xaverianos, de enviar pessoas a missão ad gentes. Sou parte do projeto missionário e alegra meu coração e me fará transbordar quando realidade for.Então entendo que mesmo na pandemia, onde nos momentos mais críticos e desconhecidos ainda, a igreja ficou de portas fechadas, a missão não deixou de acontecer, porque a vocação é individual, é sua, é particular, mas ela existe para o outro. É conseguindo voltar o olhar, o coração ao outro que a vocação é entendida e que ela acontece. Em todos os âmbitos, não só na igreja... mas para o mundo, na família, no trabalho, na escola, no posto de saúde, na associação de bairro, nos movimentos sociais... porque em primeiro lugar VOCAÇÃO não é sobre o que você faz, mas sobre o que você é. Então ser faz toda diferença.
Se voltar o olhar para o outro, o outro que sofre, que não conhece o Amor de Deus, o outro que tem fome, que não tem abrigo, o outro que precisa ser ouvido, o outro que necessita de justiça... vai descobrir sua vocação e praticá-la mesmo com suas imperfeições e limitações.
O meu coração está em oração para que a vocação que há em cada leigo e leiga se manifeste e se faça compreender. Não é algo que se compreende sem reflexão, não é do dia para a noite... mas deve se buscar no dia a dia. Então peço, se permita despertar.
Patrícia Nunes Araújo Silva, LMX
