Depois de anos de vida missionária, sobretudo vivida em terra "estrangeira", para nós, missionários, corremos o risco de pensar que já somos especialistas em missões. No entanto, a experiência e o conhecimento que são bagagens importantes e úteis não dão a certeza de estarmos sempre cem por cento prontos para continuar a missão que nos foi confiada.
Depois de 10 anos de vida missionária na Tailândia e com a experiência de 4 anos nos Camarões, percebo, ao contrário, que há uma necessidade cada vez maior de novos estímulos, novos desafios, às vezes confirmações e muitas vezes adaptações, melhorias e reviravoltas no caminho de pensar e definir a missão.
O que nos ajuda a manter sempre vivo o espírito missionário e ao mesmo tempo nos estimula a renovar a "nossa" missão, a revitalizá-la e a torná-la sempre atual e viva? Um elemento fundamental é sem dúvida o estímulo que vem da gente do lugar, ou seja, de quem nos acolhe no pais onde somos chamados a testemunhar. A par dela está a Palavra de Deus, mensagem sempre actual: é o pão nosso de cada dia! Mas um elemento que pessoalmente sempre me ajudou e está me ajudando é a presença de jovens italianos e nao so´ que decidem compartilhar conosco parte de seu caminho de fé.
Muitos se perguntam: “de que adianta ter uma experiência de um mês ou alguns meses, em missão?”. Outros afirmam: “esses jovens inexperientes desperdiçam o tempo dos missionários que realmente trabalham”. Outros dizem: "Esses jovens estão indo de férias às nossas custas". Essas, e muitas outras afirmações, representam o ponto de vista daqueles que não são muito a favor da experiência dos jovens em nossas missões. Contrariamente a esta forma de pensar, creio fortemente que a presença mais ou menos prolongada dos jovens nas nossas comunidades missionárias é positiva, antes de mais para nós missionários e depois certamente, ainda que com matizes diversos, para os próprios jovens que a fazem essa experiência.
Mas concretamente o que nos trazem os jovens que vêm até nós? Entusiasmo, garra, juventude, descontração, alegria, dinamismo são alguns dos aspectos positivos que os jovens nos comunicam ao estarem conosco. Inevitavelmente, tanto pela idade como pelas responsabilidades que a missão lhe apresenta, o entusiasmo inicial esmorece, a vivacidade para enfrentar os compromissos quotidianos perde intensidade. Os jovens trazem-nos uma onda de frescura que nos rejuvenesce no espírito e no corpo. Somos nós que os acompanhamos nas experiências, mas também são eles que nos carregam com sua energia típica de jovens que olham com entusiasmo e positividade para a beleza da missão.
A presença dos jovens questiona-nos, torna-se uma oportunidade para verificarmos, melhorarmos e crescermos. As perguntas dos jovens, suas curiosidades, seus pontos de vista são para nós um ponto de partida para a reflexão sobre como tornar cada vez mais atual o nosso ser missionário. Muitas vezes os jovens veem coisas que os nossos olhos, olhos de especialistas e formados na área, não conseguem ver. Para eles tudo é novo, não para nós, que trabalhamos há anos, e é essa novidade que pode se tornar um motivo de crescimento ou uma oportunidade para repensar nosso trabalho e nosso ser missionários.
Jovens encontrando jovens. Esta é outra contribuição importante que os jovens nos dão. Em nossas missões, trabalhamos com os jovens, nos comprometemos a ajudá-los em seu caminho de crescimento humano e espiritual. Embora não falem a mesma língua, e tenhamos que atuar como intérpretes, a contribuição dos jovens que falam com outros jovens é certamente enriquecedora.
A experiência de fé dos jovens católicos torna-se para os jovens das nossas missões um motivo de crescimento pessoal e, em muitos casos, também levantam questões de fé. Se da nossa parte reconhecemos o contributo positivo da experiência dos jovens que ficam connosco por um curto período, também da parte dos nossos jovens tailandeses não podemos deixar de reconhecer o bem que estas experiências trazem às suas vidas.
As verificações que os jovens nos enviam muitas vezes sublinham um sentimento de gratidão para conosco, precisamente porque a experiência lhes permite conhecer a beleza da missão e os desafios , que também eles, voltando aos seus respectivos países, são chamados a enfrentar.
Diria então que uma palavra pode resumir tudo: Obrigado. Obrigado por sua presença, obrigado por seu entusiasmo, obrigado por suas perguntas, obrigado por sua jovem fé. Só podemos dizer-vos: "queridos jovens, venham visitar-nos, venham percorrer conosco uma parte do caminho"! Viva a missão!
Alex Brai, sx
