Falar com o coração: “Testemunhando a verdade no amor”
O domingo 21 de maio de 2023, celebramos o LVII Dia Mundial das Comunicações, festa da Ascenção do Senhor, o domingo anterior à festa de Pentecostes. O evento foi criado pelo Papa Paulo VI, em 1967, para incentivar a humanidade a refletir sobre a importância e os desafios dos meios de comunicação social nas nossas vidas.
O Papa Francisco divulgou o tema do LVII Dia Mundial das Comunicações Sociais em 24 de janeiro de 2023, festa de São Francisco de Sales, nos 400 anos da sua morte, padroeiro dos jornalistas católicos e grande comunicador de seu tempo. O tema deste ano, é inspirado na carta de São Paulo aos Efésios: “Falar com o coração: Sendo verdadeiros no amor”. Completando uma trilogia dos dois anos precedentes, refletido os verbos “ir e ver” e o ano passado “escutar” como condição para a boa comunicação, este ano a mensagem aborda o tema de “falar com o coração”. O coração nos moveu para ir, ver e escutar e para uma comunicação aberta e acolhedora. Se escutarmos o outro com coração puro, também vamos conseguir falar testemunhando a verdade no amor (cf. Ef 4, 15), sendo possível se comunicar cordialmente.
O papa propõe que a temática esteja em sintonia com o processo sinodal; é necessário falar com o coração no processo sinodal que a Igreja está vivendo para termos uma boa comunicação. Porque “temos urgente necessidade duma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs”.
Jesus fala com o coração aos discípulos de Emaús. Falar com o coração significa sentimento de empatia, amor, sinceridade e transparência. Constitui falar cordialmente diante das alegrias e receios, das esperanças e sofrimentos das mulheres e homens da atualidade. Aos discípulos de Emaús, Jesus ressuscitado lhes fala com o coração, acompanhando com respeito o caminho da amargura, propondo-Se e não Se impondo, abrindo-lhes amorosamente a compreensão do sentido profundo dos fatos ocorridos.
No desenvolvimento da temática o Papa Francisco manifesta sua preocupação com o “período da história marcado por polarizações e oposições” e nem as comunidades eclesiais estão imunes das polarizações. Para o papa “Todos somos chamados a procurar a verdade e a dizê-la, fazendo-o com amor”. Portanto, devemos falar a verdade, sendo gentis, usando a comunicação para construir pontes e não muros: “Precisamos daquele falar amável no âmbito dos mass media, para que a comunicação não fomente uma aversão que exaspere, gere ódio e conduza ao confronto, mas ajude as pessoas a refletir calmamente, a decifrar com espírito crítico e sempre respeitoso a realidade onde vivem”.
No contexto atual, cheio de conflitos globais e guerras é necessário “desarmar os ânimos promovendo uma linguagem de paz”, com uma comunicação que não seja hostil. “É tão necessário falar com o coração para promover uma cultura de paz, onde há guerra; para abrir sendas que permitam o diálogo e a reconciliação, onde campeiam o ódio e a inimizade”. Precisamos terminar com o hábito de denegrir o adversário e o que pensa de maneira diferente, no lugar disso, devemos enfrentar o diálogo respeitoso. Hoje mais que nunca, como discípulos missionários, precisamos falar com o coração e ao coração, para ajudar a resolver os conflitos bélicos entre os povos, nações, grupos e pessoas.
Rafael Lopez Villasenor, sx