Covid-19: Amazônia sofre com aumento entre povos indígenas
A Rede de Apoio Mútuo aos Povos Indígenas do Sudeste do Pará, que monitora a região com 13 comunidades, confirma a preocupação local: só entre o povo Xikrin Mebengokre são 40 casos confirmados e 2 mortes. Os dados comprovam a dramática situação da pandemia vivida entre os indígenas no Brasil - o segundo dos 9 países da Pan-Amazônia mais afetado, depois do Peru.
“Sou Marcivana Sateré Mawé. Eu moro em Manaus, no centro da pandemia aqui na região Norte: eu e mais 35 mil indígenas, de 47 povos diferentes, com 16 línguas faladas. A Covid-19 atinge drasticamente as nossas comunidades indígenas aqui em Manaus e tem matado muitos dos nossos anciãos. Para nós não é apenas a morte de uma pessoa, mas a morte dos nossos saberes culturais.”
Aumento rápido de casos entre indígenas do Pará
Quem confirma os dados, atualizados no último domingo (24) é a Rede de Apoio Mútuo aos Povos Indígenas que tem monitorado os casos de mais de 13 Terras Indígenas (Tis) e de aldeias da região, reunindo informações, articulando mobilizações e doações. A preocupação é com um aumento rápido dos casos locais. Só entre o povo Xikrin Mebengokre são 40 casos já confirmados e 2 mortes.
A Ir. Zélia Maria Batista, religiosa missionária da congregação das Irmãs Franciscanas Catequistas, comenta que a Rede também tem atuado junto poder público em favor dos povos indígenas. É o caso de um ofício enviado ao Ministério Público Federal e Estadual com demandas específicas sobre os indígenas Warao que, até o momento, não foi respondido “efetivamente”, confirma ela. Na cidade de Marabá, um grupo de 30 migrantes venezuelanos estão em situação de mendicância e só recebem apoio da Rede.
A dificuldade local também é com a falta de produtos de higiene e limpeza: “o que podemos arrecadar de material, a gente envia para as comunidades”, declara a religiosa. A Rede de Apoio Mútuo aos Povos Indígenas do Sudeste do Pará é formada por pesquisadores, indigenistas, missionários e colaboradores vinculados a Unifesspa, UEPA, IFPA, Cimi, Repam e outras instituições.
Colaboração: Repam Brasil