Os namoros...
Bem, a vocação é uma descoberta que exige saídas e se dá em processos. Deus é criativo e pedagógico em seu convite. Se conhecêssemos todo o caminho a ser trilhado antes mesmo de sair, acredito que não iríamos. Eu ao menos, não.
Mas o trama vocacional é uma viagem que se empreende. Não tenho como fazer atalhos ou ter a segurança do que encontrarei ao final, aonde chegarei. É se lançar apesar do medo, da insegurança. É não pensar muito, pois, se penso muito acabo por criar argumentos para não embarcar. Hoje consigo identificar que sempre precisei sair, mesmo que “forçado” pelo meu contexto e pelos valores inegociáveis que meus pais tinham, como foi a educação, o estudo, para todos nós.
A primeira vez que embarquei para a capital do meu estado (Amazonas), também foi por razão vocacional. Eu acabara de concluir a minha primeira graduação em Educação (2008) e desejava conhecer a Vida Religiosa. E fiz a viagem de três dias de barco até Manaus. Já distante do meu munícipio, passando pelas comunidades ribeirinhas em que eu vivera com meus pais, me bateu um certo desespero e uma vontade de voltar atrás. Não voltei porque o barco estava no meio do rio, viajando. Que vergonha contar isso! Mas, é a história da minha busca que me trouxe até aqui.
As frustrações...
Se entendo a vocação como um relacionamento, então não se descarta as brigas, as crises, as decepções. Elas são parte do pacote da busca. Hoje compreendo que foram essas frustrações que me apresentaram à vida missionária. É claro que não se pode permanecer sempre lamentando, chorando as migalhas do que não deu certo. É preciso deixar que a vida siga o seu curso, não perdendo de vista o Chamado. Por isso gosto de associar a busca vocacional com a imagem do GPS ou outros aplicativos mais recentes de navegação. Essas imagens explicam para mim, a grosso modo, a maneira como Deus age quando enveredamos por rotas diferentes. Deus recalcula o caminho a partir do lugar em que eu estou. Em outras palavras: não há rotas que não me leve de volta à Deus. A recusa pode ser uma opção minha, mas Deus sempre está recalculando o trajeto e estabelecendo contato conosco. E o wifi de Deus nunca está fora de área. É como eu estou aprendendo nesse tempo.
Uma proposta além fronteira...
Iniciei o contato com os Missionários Xaverianos na metade de 2011, com o padre João Bortoloci, ano em que ocorreu a canonização de São Guido. A lembrança do nome “Xaverianos” me veio porque cheguei a encontrar durante a assembléia diocesana em minha cidade (São Gabriel da Cachoeira) alguns padres e irmãos deste instituto. Então ao buscar na internet pelo nome “xaverianos”, esta me direcionou para uma página do instituto apresentando quem eram, onde estavam, etc. E escrevi à eles me apresentando e desejando conhecê-los. Recebi muito rápido a resposta e uma calorosa acolhida, juntamente com uma ficha de acompanhamento. Os contatos foram assim se estabelecendo, mas eu achava estranho que ao perguntar pelos xaverianos que eu havia encontrado na assembléia diocesana, Pe. João não os conhecia. Mas, visto que eles trabalhavam na Colômbia, achei normal que eles não se conhecessem, tendo em conta ser outra região, outra delegação, etc. No entanto, quando tive a possibilidade de ir para o Encontro Vocacional em Novembro de 2012, em Curitiba- PR, vim a descobrir que os Xaverianos que eu encontrara em minha diocese eram os Xaverianos da Colômbia. E estes com os quais eu estava agora eram os Xaverianos de Parma. Que descoberta! E agora, o que fazer?
[este é o tópico para a nossa próxima conversa, semana que vem]
Giomar Henrique SX