Nesse mês de outubro somos chamados a lembrar e rezar pelos missionários, mulheres e homens espalhados pelo mundo levando a Boa Nova do Evangelho a todos os povos. É com esta motivação que partilho com todos vocês um pouco da minha história vocacional e da minha missão como Missionário Xaveriano na Tailândia, um país asiático onde somente 1,17% da população são cristãos e do qual só 0,58% são católicos.
Eu sou Pe. Lucivaldo Costa, Missionário Xaveriano, natural de Tomé Açu no estado do Pará. Entrei na Congregação dos Missionários Xaverianos em 2010, atraído pelo sonho de São Guido Maria Conforti ‘Fazer do mundo uma só família’ e pela escuta do convite de Jesus “ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc. 16:15). Passei quase doze anos em formação, sendo três anos em Ananindeua (PA) para os estudos de Filosofia e um ano e meio em Hortolândia (SP) para o meu noviciado. Em junho de 2014 professei os meus Primeiros Votos e fui enviado para as Filipinas para estudar Teologia, um pequeno país asiático onde a maioria da população é Católica. Morei nesse país por quase sete anos: 01 ano estudando o Inglês; 05 anos estudando a Teologia; e mais 01 ano estudando o Tagalo (língua filipina).
No dia 05 de novembro de 2020 professei os meus Votos Perpétuos e em 6 de dezembro do mesmo ano fui ordenado diácono. Após concluir os estudos teológicos nas Filipinas retornei ao Brasil em junho de 2021 para ser ordenado Sacerdote. Minha ordenação ocorreu no dia 14 de agosto de 2021 na Paróquia São Francisco Xavier, Quatro Bocas, Tomé Açu – PA, recebendo como minha nova destinação o país da Tailândia. Para cá viajei, chegando aqui no dia 05 de novembro, festa do nosso fundador São Guido Maria Conforti. Desde então, fazem dez meses que aqui estou, estudando a língua tailandesa que é um idioma muito difícil de se aprender. Mesmo assim, vejo que já consigo escrever, ler e entender um pouco, mas ainda tenho muita dificuldade. Dificuldade principalmente na escuta e na pronúncia das palavras, pois na maioria das vezes elas têm o mesmo som, mas a maneira de escrever e o significado é outro.
O alfabeto da língua tailandesa é composta de 72 letras, divididos em 44 consoantes e 28 vogais. As consoantes estão divididas em três classes consonantais, alta, média e baixa, e as vogais em dois grupos: 12 vogais longas e 16 vogais curtas. Além disso, a língua tailandesa possui cinco tons fonéticos, médio, baixo, alto, ascendente e descendente. Apesar dessas dificuldades, digo que vou gradualmente aprendendo a língua e entendendo também a cultura desse povo. É uma cultura rica e complexa. Mas, do pouco que eu consegui entender nesses dez meses, fiquei encantado com tudo, principalmente a religiosidade, a arquitetura, a simplicidade e a gentileza das pessoas.
Os Missionários Xaverianos chegaram na Tailândia em 2012, e já marcamos dez anos de presença neste país, levando o Evangelho aos nãos-Cristãos. Atualmente somos 7 padres e estamos na espera de outros dois ordenados recentemente, que chegarão aqui no início de novembro. Em toda a Tailândia estamos divididos em três comunidades, uma em Bangkok e duas no norte do país. A comunidade em Bangkok, na qual eu moro atualmente, está localizada em Khlong Toei, a maior favela tailandesa. Aqui, em colaboração com a Arquidiocese de Bangkok, o nosso trabalho é dá assistência às pessoas que vivem em extrema pobreza por meio de vários projetos. Um deles é o projeto chamado “Kids go to school” (Crianças vão à escola). O projeto consiste em ajudar crianças sem condições alguma a ir para escola estudar. Para isso contamos com a ajuda de voluntários estrangeiros que moram em Bangkok e que conhecem o nosso trabalho. Eles “adotam” uma criança financeiramente para que ela possa estar na escola.
Ainda falando dos projetos, há também o projeto “Inserted, Mixed, and Extended community” que em Português se traduz como “Comunidade inserida, mista e estendida”. Nesse projeto recebemos voluntários estrangeiros e tailandeses, cristãos ou não-cristãos, que desejam fazer um voluntariado, morando, convivendo e trabalhando conosco por um período de 03 meses a 1 ano, a fim de conhecer o nosso carisma Xaveriano.
No norte da Tailândia, os nossos Xaverianos trabalham com alguns grupos étnicos minoritários na qual uma comunidade é uma pequena paróquia em um vilarejo chamado 48. Alí se dá assistência a algumas famílias católicas que moram nos vilarejos, nos campos de refugiados da guerra e do golpe militar no Myanmar, bem como o diálogo com os vários grupos religiosos daquela região. Uma outra comunidade nossa trabalha num vilarejo próximo a fronteira entre o Myanmar e a Tailândia. Nesse lugar acompanhamos várias famílias Cristãs e não-Cristãs que moram em áreas de conflitos e dominada por grupos rebeldes. Nessa área de conflito temos uma casa de acolhida para crianças birmanês ou tailandesa, muitas das quais não possuem nenhum documento. A maioria dessas crianças são órfãs e residem com os avós ou algum parente, mas não são reconhecidas pelo governo, embora muitas delas sejam tailandesas.
Nossa ajuda às crianças birmanesas consiste em acompanhá-las, e em parceria com algumas escolas fornecê-las um documento escolar dos estudos realizados na Tailândia, caso precisem voltar para o Myanmar um dia.
Esses são alguns dos nossos trabalhos missionários aqui na Tailândia. Nesse pouco tempo que tenho vivido aqui me apaixonei pela cultura e pelo povo. Há vários desafios, principalmente o de aprender a língua. No entanto, confio em Cristo que me enviou à essa terra de Missão e em suas mãos me entrego inteiramente. Peço também a proteção da Virgem Maria para que eu seja fiel na missão que o seu filho me confiou. Neste mês missionário que estamos vivendo peço a vocês que rezem por mim e pela missão Xaveriana aqui na Tailândia. Que possamos continuar levando a Boa Nova do Evangelho aos confins do mundo como Jesus nos pediu, servindo a Deus no serviço aos não-cristãos, dialogando e dando testemunho de Cristo através da nossa vida e do serviço que aqui desenvolvemos. Como dizia Dom Élder Câmara: “Missão é partir, caminhar, deixar tudo... É, sobretudo, abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los.” É justamente assim que eu me sinto nesta experiência de encontro com os nossos irmãos e irmãs tailandeses. Cumprimentos a todos vocês!
(Pe. Lucivaldo Costa, sx)
