Começamos o tempo comum do ano litúrgico com a festa do batismo do Senhor, renovando o compromisso de viver a fé que recebemos o dia do nosso batismo.
No Batismo de crianças, os pais e padrinhos pedem a fé para a criança e a transmitem pelo sacramento e pelos ensinamentos e vivência da fé, por isso devem ser pessoas de fé e dispostas a transmiti-la a seus filhos e afilhados. Por sua vez, para que o adulto possa ser batizado, requer-se que tenha manifestado a vontade de receber o batismo, que esteja suficientemente instruído sobre as verdades da fé e as obrigações cristãs e que tenha sido provado, por meio de catecumenato, na vida cristã.
Ao pedir a fé na hora do batismo, deixa claro que é um dom gratuito, uma graça. A criança não tem ainda fé, ela só a pode receber. A semente da fé lhe será dada pelo batismo, mas esta semente deve brotar e crescer com a ajuda dos pais e padrinhos e de todo a comunidade eclesial na qual ela vai crescer. De qualquer maneira, a fé não é algo que tenha sua origem ou sua fonte em nós. Ela nos é dada por Deus que se inclina para nós como um pai ou uma mãe, que nos chama, que nos fala, que nos ama.
Desde os primórdios da Igreja, a fé como abertura do coração humano diante de Deus que nos salva por Jesus Cristo, é condição indispensável para o batismo. No dia de pentecostes, depois do discurso de São Pedro “todos ficaram de coração aflito e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: ‘Irmãos, o que devemos fazer?’ Pedro respondeu: ‘Arrependam-se e cada um seja batizado em nome de Jesus Cristo’” (At 2,37s). No mesmo livro, nos Atos dos Apóstolos, lemos também como o diácono Felipe tinha explicado ao eunuco da Etiópia a Escritura e anunciado Jesus, e como 0 eunuco então pediu o batismo. Felipe lhe disse: “É possível se você acredita de todo coração”. Ao que o eunuco respondeu: “Eu acredito que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. E Felipe o batizou (At 8,37s).
Existe uma relação intima entre fé e batismo. A fé nasce da pregação da palavra de Deus é condição para o batismo. O batismo é, antes de tudo, o sinal daquela fé com a qual os seres humanos respondem ao evangelho de Cristo, iluminados pela graça do Espírito Santo.
Evidente que no caso do batismo de crianças, aquele que recebe o sacramento não pode acolher a palavra divina, nem fazer um ato de fé. Em lugar das crianças, são os pais e padrinhos que professam a fé. São eles que, no diálogo introdutório, assumem com a comunidade o compromisso de educar o batizado na fé. Eles renunciam a satanás e proclamam a sua fé; eles pedem que a criança seja batizada na fé da Igreja que acabam de professar; o pai recebe e acende a vela que simboliza Cristo que iluminará a vida do batizado.
O batismo é o sacramento de fé, exige do candidato adulto uma preparação prévia, o catecumenato, para que ele se possa aproximar do batismo com uma fé viva. Igualmente os pais e padrinhos de uma criança a ser batizada precisam ter uma fé sólida para poderem educar seus filhos e afilhados na fé. Aos pais e padrinhos que não têm tal fé, oferecesse uma ajuda para revigorar sua fé, a fim de que possam cumprir sua missão de ser os primeiros mestres da fé da criança que apresentam para o batismo. Mais tarde, também a comunidade eclesial ajudará a criança a crescer na fé, particularmente pela catequese. O processo de crescimento na fé será marcado pela celebração e vivência dos outros dois sacramentos da iniciação cristã: eucaristia e crisma.
Pe. Gregório Lutz