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Juventude

Experiência missionária no Moçambique de uma jovem brasileira


“Um mundo novo se constrói quando somos capazes de compreender com compaixão e empatia a cultura, a religião, os costumes, as opções e os contextos sociais, políticos e históricos de um povo”. Victória Holzbach (Missionária no Moçambique, entre setembro de 2016 até 2019).

jovemmisO Moçambique localizado no sudeste da África enfrentou aproximadamente 20 anos de guerra civil entre as décadas de 1970 e 1990, que resultou na morte de mais de 1 milhão de habitantes. Essas duas décadas de conflitos deixaram um rastro de destruição, que afetou diretamente a economia nacional. O território de Moçambique voltou a ser alvo de inúmeros ataques jihadistas desde 2017.

Leia a íntegra da entrevista:

Faça uma breve apresentação sua: nome, idade, formação, de onde no Brasil?

Me chamo Victória Holzbach, tenho 30 anos e nasci em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Sou assessora de comunicação do Regional Sul 3 e integro a coordenação do Conselho Missionário Regional.

Trabalhei durante cinco anos na Cáritas Arquidiocesana de Passo Fundo e, por quatro na Articulação da Pastoral da Comunicação na Arquidiocese. Em 12 de setembro de 2016, parti para a experiência que mudaria minha vida para sempre: Ser missionária em Moma, na Arquidiocese de Nampula – Moçambique.

Quando e como surgiu a missão de ir para Moçambique?

A missão de Deus confiada à Igreja é a presença de Deus no meio do Seu Povo. Sempre acreditei em um Deus encarnado no Povo e presente na história e nos contextos de cada realidade.

A oportunidade de ir à missão pelo projeto Igrejas Solidárias, que já celebra 27 anos de presença em Moçambique, ocorreu quando eu tinha 25 anos, em 2016. Acolhi com alegria e coragem o convite que vinha de Deus, através do Conselho Missionário do Regional Sul 3.

Como foi a vida de missão lá. Quais foram as maiores dificuldades?

A missão é, por si só, uma experiência de conversão. A simplicidade, se por um lado é uma realidade de desafio, é também a melhor forma de nos fazer mudar o caminho. Percebemos que, na prática, precisamos de pouco para viver com alegria e que é justamente no pouco e no simples que há mais espaço para a revelação da Graça de Deus.jovemmis3

As maiores dificuldades passam sempre pela impotência perante a doença, a morte, a fome, a pobreza e a falta de acesso a saúde, educação, lazer, saneamento… Olhar para a realidade e se sentir incapaz de transformar estas situações é também rever frequentemente o motivo do nosso sim e do nosso envio à missão – bem como o nosso compromisso com a missão permanente.

Qual a importância dessa missão na sua vida?

As pessoas que já passaram pela missão vivem o grande desafio de continuar suas vidas depois de uma experiência tão intensa. Para mim, viver a missão em Moçambique foi um grande presente de Deus, sinal de que Ele nos cuida e acompanha quando sonhamos grande.

Perceber a Igreja preocupada com a situação deste povo foi também experimentar a alegria de uma fé madura, consciente, enraizada na compaixão. A missão é testemunho do Evangelho, disposição de parar na estrada, tocar as feridas, levar pra casa e curar com amor.

Um mundo novo se constrói quando somos capazes de compreender com compaixão e empatia a cultura, a religião, os costumes, as opções e os contextos sociais, políticos e históricos de um povo.

Qual ou quais momentos da missão foram mais importantes e marcantes na sua vida?

Muitas experiências marcaram a minha experiência na missão. O convívio com as mulheres foi desafiador; com as crianças, encantador; e com as equipes missionárias, de muita fraternidade. Entre tantas, gostaria de relatar uma em especial:

jovemmis1Desde que cheguei, convivi sempre com muitas crianças no portão da minha casa. No início, nossa comunicação se resumia em abanos ou toques e abraços tímidos. Meu português era difícil para eles, tanto quanto o macua (língua local) deles pra mim. Logo nos aproximamos e percebi que, mesmo estando na escola, no 5º ou 6º ano, eles não conheciam plenamente o alfabeto ou os números.

Nessa dificuldade nasceu um sonho, que esperava que seria realizado naqueles próximos três anos. Pensava que poderíamos ter um projeto de alfabetização e reforço escolar dessas crianças. Não fazia sentido para mim chamá-las pelo nome, conhecer seus pais, mães e irmãos, e viver diariamente a dificuldade de me expressar ou de receber o que eles queriam me dizer.

Consciente das várias dificuldades que poderia aparecer, partilhei isso com os padres da equipe missionária e com dois voluntários norte-americanos que moravam na Vila de Moma. Em três meses, reformamos um espaço, formamos professores voluntários, compramos materiais e as aulas iniciaram.

Um dos maiores desafios foi descobrir o que fazer com as crianças de 03 a 06 anos, que estavam na rua mas ainda não iam a escola. Eu pensava: “Se os de 12 não conhecem o alfabeto, o que a gente faz com os de 3 anos?!”.

Depois de quatro aulas, estava sentada na sala da minha casa insatisfeita pela necessidade de fechar um caixa mensal (também era responsável pela contabilidade da missão) e um coro de vozes desses pequenos inundou meu coração e meus olhos: — “A, B, C, D”.

O que você pode destacar daquele país? Conte uma experiência?

A realidade difícil se vê em todos os lados. A crise política resultante das guerras recentes e iminentes se torna uma boa desculpa para o descaso geral que a população moçambicana vive, especialmente em áreas fundamentais, como saúde, educação, saneamento básico e outros. Neste contexto, especialmente duas realidades me chamavam atenção: as crianças e as mulheres.

Para os pequenos, há pouco para fazer em casa. Não há caixa de brinquedos, carrinhos, bonecas, videogames, televisão ou tecnologias. Brinquedo é aquilo que se acha na rua, se (re)constrói, se (re)cria. As crianças que vão à escola são poucas e as motivações para irem menores ainda. Em muitos dias, caminham 12 km para chegar em uma sala de aula sem classe, sem mesas e cadeiras e, até mesmo, sem professor.

As meninas não precisam crescer muito para ajudar a manusear o pilão e buscar água para a casa. Os meninos, que também não tardam a ajudar suas mães, são responsáveis por cuidar dos rebanhos – algumas vezes de gado, mas em sua maioria, de cabritos.jovemmis2

Já a realidade das mulheres nasce da união de diversos contextos, somados as exclusões de uma cultura patriarcal e machista. As moçambicanas, especialmente as moradoras de áreas rurais e de periferias urbanas, ainda estão distantes das conquistas dos movimentos ocorridos ao redor do mundo nas últimas décadas.

A dupla jornada de trabalho, o acesso precário a informação e a ausência de documentação são verdadeiras barreiras que as impedem de alcançar sua autonomia.

Essa desigualdade significa que elas têm menos dinheiro, quase nenhuma proteção contra a violência e o mínimo acesso à educação e à saúde. Este contexto faz com que continuem sendo cada vez mais discriminadas e oprimidas por uma sociedade que insiste na desigualdade de gênero como forma de dominar.

A se somar nesta realidade já cheia de desafios estão os ataques que ocorrem desde 2017 no extremo norte do país – na Província de Cabo Delgado. Há quem diga que esta é a terceira guerra que o país tem de enfrentar, que já causou 2 mil mortes e mais de 500 mil deslocados.

Nesse contexto, qual a importância dessa jornada de oração e missão pela paz em Moçambique?

jovemmis.3A missão é de todos nós. Dos que partem, dos que partilham e especialmente dos que rezam em sintonia por aqueles que sofrem. Pensar, olhar para a realidade e viver esta jornada de oração e missão pela paz em Moçambique é tornar prática o nosso desejo de que acabem as guerras.

Além disso, lembrar e contemplar também as realidades que não são de guerras explícitas, mas ainda de ausência de paz. Não há paz na injustiça, na desigualdade, na fome, no preconceito que nasce pelas diferenças de raças, gêneros, classes, cores, etnias e outras. Rezar e se colocar em jornada pela paz é assumir nossa missão de rogar ao Pai para que todos tenham vida, e vida abundante.

Fonte CNBB


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