A natureza ou o nome não muda – que continua a ser o Sínodo dos Bispos – mas a composição dos participantes na assembleia de outubro próximo no Vaticano sobre o tema da sinodalidade muda, na qual um número significativo de membros "não-bispos" participará , incluindo sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos nomeados diretamente pelo Papa, o 50% dos quais "pedem" que sejam mulheres. Um pedido explícito, juntamente com o de "melhorar" a presença dos jovens. Todos terão o direito de votar, alcançando um número de membros votantes na nova Sala do Sínodo igual a cerca de 370 dos mais de 400 participantes totais. Até hoje havia um pequeno número de eleitores não-bispos, e eles eram alguns membros de institutos religiosos clericais.
Estas são as principais mudanças e inovações introduzidas hoje pelo Papa para o Sínodo que selará no outono o caminho sinodal que ele mesmo iniciou em 2021. "Não é uma revolução, mas uma mudança importante", os cardeais Mario Grech e Jean-Claude Hollerich, respectivamente secretário-geral do Sínodo e relator geral, fizeram questão de especificar. ilustrando a notícia em um ponto de encontro na Sala de Imprensa do Vaticano.
As novas disposições, comunicadas hoje 26 de abril de 2023, com uma carta aos líderes das assembleias continentais celebradas na África, Ásia, Oriente Médio e Oceania, não revogam as normas atuais, a constituição apostólica Episcopalis communio de 2018 que já previa a presença de "não-bispos". Com as novidades de hoje - que se justificam no contexto do processo sinodal que Francisco quis iniciar "de baixo" - o número é especificado: 70 sacerdotes, pessoas consagradas, diáconos, leigos, provenientes das Igrejas locais e representando o Povo de Deus. Portanto, não haverá mais "auditores".
"Desta forma, a especificidade episcopal da assembleia sinodal não é afetada, mas até confirmada", sublinha a Secretaria Geral do Sínodo. "Fala-se de 21% da assembleia que permanece no plenário uma assembleia de bispos, com uma certa participação de não-bispos", reiterou Hollerich. "Sua presença garante o diálogo entre a profecia do povo de Deus e o discernimento dos pastores".
Mais detalhadamente, os membros "não-bispos" são nomeados pelo Papa a partir de uma lista de 140 pessoas identificadas pelas Conferências Episcopais e pela Assembleia dos Patriarcas das Igrejas Orientais. Católica (20 cada). Pede, como mencionado, que metade sejam mulheres e que os jovens sejam valorizados: "Porque o nosso mundo é feito assim", observaram os dois cardeais. A escolha leva em conta a cultura geral, a "prudência", mas também o conhecimento e a participação no processo sinodal. Como membros, eles têm o direito de votar. Um aspecto importante, embora Grech esperasse "que um dia pudéssemos prescindir da votação. O Sínodo é um discernimento, uma oração, não estamos atrás dos votos".
Os cinco religiosos eleitos pelas respectivas organizações de Superioras Gerais e Superiores Gerais (UISG para o ramo feminino) também terão direito a voto. Eles - e esta é a outra novidade - substituem os dez clérigos dos Institutos de vida consagrada previstos no passado. Todas as eleições -realizadas em plenário e por escrutínio secreto pelos respectivos Sínodos, Concílios e Conferências Episcopais - devem ser ratificadas pelo Papa. E até que o Papa confirme a eleição, os nomes dos eleitos não são conhecidos do público.
Pela primeira vez, além disso, as figuras dos "facilitadores" aparecerão no Sínodo. Uma escolha, explicou Grech, nascida da experiência dos grupos de estudo, "que nos mostrou que estes especialistas podem criar uma dinâmica que pode dar frutos". "Há bispos que nunca participaram do sínodo, por isso precisamos facilitar a dimensão espiritual", explicou Hollerich, enfatizando que, pela primeira vez, haverá também bispos de países que não têm uma Conferência Episcopal na assembleia. O "seu" Luxemburgo é um deles, mas também a Estónia e a Moldávia. Assim, concordaram os dois cardeais, "a Igreja será mais completa e será uma alegria tê-la reunido inteiramente em Roma".
Salvatore Cernuzio - Fonte: OBSERVATÓRIO ROMANO
