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Todos os santos e pecadores


 A Igreja Católica consagra cada dia do ano a um santo. Há santo para todas as devoções, apelos e apertos. Santa Edwiges cuida dos endividados; Luzia, dos olhos; Judas Tadeu, das causas impossíveis, etc.

Como dizia Hélio Pellegrino, santo é o nosso pistolão no céu. Apadrinha causas junto a Deus. Mas, se Deus anda muito ocupado, convém recorrer a Maria. Filho sempre ouve a mãe. Pelo menos ela não precisa entrar na fila. O Espírito Santo faz passá-la à frente.

O dia dois de novembro é dedicado a festejar todos os santos, conhecidos e esquecidos, famosos e anônimos. É festa de Santa Bertula, a cozinheira de minha família, que viveu e morreu em estado de santidade; de São Padre Cícero, que ensinou o nordestino a confiar em Deus; de São Tito de Alencar Lima, que resistiu à ditadura militar em nome da liberdade e morreu mártir; de Santo Dias, trabalhador assassinado por defender os direitos de sua classe; de São Frei Damião, que perambulava pelo Nordeste distribuindo bênçãos e a misericórdia divina; de Santa Irmã Dulce, que cuidava dos pobres e doentes da Bahia; de Santo Alceu Amoroso Lima, que iluminou a inteligência brasileira. E de tantos outros que passaram a vida fazendo o bem.

Olhe bem à volta: quem sabe você, hoje, cruza com um santo?

Na aparência, um porteiro de edifício, um trocador de ônibus, uma idosa debruçada na janela de casa, um palhaço que diverte as crianças na praça. Santo é assim. Igual à gente. Mas bem diferente, pela graça de Deus.

Santo não é a pessoa muito religiosa. É a mais amorosa. Aquela que é capaz de sair de si para cuidar dos outros. Seu coração é globalizado: se uma criança passa fome em algum lugar do mundo, ela sofre como se fosse seu filho. Ama como Jesus amava, sem preconceitos e com muita fome de justiça.

Ninguém se faz santo. Deus é quem nos faz santos, como a argila vira jarro nas mãos do oleiro. Aliás, aspirar à santidade pode ser um sintoma de orgulho espiritual. Dispor-se a fazer a vontade de Deus é reconhecer a própria fraqueza, confiante na graça divina. Mineiro, sempre desconfiei daqueles exemplos catequéticos, como o de São Luís Gonzaga, que não fitava mulheres, nem a própria mãe. Isso me parece mais próximo do divã de psicanalista que do altar dos devotos.

Santo é quem vive por hábito o que para outros é virtude.

Desconfio também da santidade de quem não demonstra alegria, nem cultiva amizades, deixa de ser gente para representar a função que ocupa, enche a boca de Deus sem vivenciá-Lo no coração.

O modelo de santidade cristã é um só: Jesus de Nazaré. Nele, amor e justiça são indivisíveis, a opção pelos pobres é nítida, bem como a indiferença diante dos juízos dos poderes deste mundo. Jesus nunca quis "ficar bem com todos". Numa sociedade tão desigual como a brasileira, querer agradar a todos significa, quase sempre, não desagradar aos que estão por cima.

Jesus denunciou os fariseus e os saduceus, calou-se diante de Pilatos, xingou o governador de "raposa" (Lucas 13, 32). Morreu assassinado pelos poderes judaico e romano. Todos nós, cristãos, somos discípulos de um prisioneiro político.

Quais as características mais marcantes da santidade de Jesus? Primeiro, a radical fidelidade à vontade de Deus, com quem "perdia" longos tempos em oração. Depois, a defesa intransigente da vida, dom maior de Deus, o que explica sua preferência pelos pobres. Jamais emitiu juízo negativo sobre um deles. No entanto, mostrava-se exigente com os abastados e poderosos, inclusive os que se propunham a segui-Lo, como Zaqueu e o homem rico.

Para Jesus, a prática é o critério da verdade, como o confirma a parábola do bom samaritano, em que ele critica a omissão do levita e do sacerdote, religiosos aparentemente piedosos. Destituído de moralismo, Jesus não condena a samaritana que estava no sexto marido. Humilde e ecumênico, acede aos apelos da mulher sírio-fenícia, bem como do centurião que pede a cura de seu servo.

A diferença entre a santidade proposta por Jesus e a que exige o fariseu é que o primeiro a funda no amor e o segundo, na lei. Jesus tem como projeto o Reino de Deus; o fariseu, a exaltação do Templo. O primeiro vê-se na face dos que têm fome. O segundo considera os pobres incapazes e inferiores.

O grande paradoxo do cristianismo é que ele nos convoca à santidade sem pretender que deixemos de ser pecadores, o que demonstra que a santidade cristã nada tem que ver como o modelo do herói grego. Antes, ela decorre da graça divina, que inunda o coração de quem ousa viver amorosamente.

Se a vida é terna, a alegria é eterna. Amém.

Frei Betto.


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