Por que o papa Francisco quis ser Jesuíta?
Neste dia 11 de março, o papa Francisco celebra 63 anos de entrada na Companhia de Jesus. Diante da diversidade de carismas de tantas ordens religiosas, congregações e da vida diocesana, por que o jovem Jorge Mario Bergoglio escolheu ser jesuíta? Ele mesmo revela apontando dois de seus principais motivos: "Entrei na Companhia de Jesus atraído por sua condição de vanguarda na Igreja, desenvolvida com obediência e disciplina, e por estar orientada ao labor missionário" Obediência, disciplina e missão.
Três palavras que pautam o carisma da Companhia e que seriam determinantes na vida do jesuíta Jorge Bergoglio. Ainda nos primeiros anos de formação, o jovem pediu aos superiores para ser enviado ao Japão. Sentia-se entusiasmado pelo exemplo dos missionários jesuítas como Francisco Xavier e Paulo Miki e seus companheiros, estes, martirizados no final do século 16. Porém, seu pedido não foi atendido. Ele, já cardeal, afirmou com seu típico bom humor: "Se tivessem me enviado para lá (Japão), muitos teriam se livrado de mim aqui...". Hoje, olhando para a sua "teografia" – os escritos de Deus em sua vida – Bergoglio e todos nós, podemos compreender que aquela resposta negativa era um sinal que Deus o conduziria por outros caminhos.
A formação de Jorge na Companhia de Jesus seguiu a praxe tradicional da ordem. Entrou no noviciado em 11 de março 1958, na cidade de Córdoba. Após pronunciar os primeiros votos, seguiu para a etapa do juniorado no Chile. Após os estudos de humanidades, retornou à Argentina para conseguir a graduação em Filosofia na Universidade Católica. A etapa denominada magistério foi realizada entre os anos de 1964 e 1966 em dois locais: no Colégio Imaculada, na Província de Santa Fé, e no Colégio do Salvador, em Buenos Aires. Foi durante este tempo que ensinou Psicologia e Literatura e ainda recebeu de seus alunos o apelido de Carucha, que significa "rosto de menino". Cinquenta anos depois, alguns de seus alunos recordaram os encontros e as aulas de Bergoglio em um livro chamado El maestrillo. Uma das recordações que Carucha deixou mais forte no coração de seus alunos foi a iniciativa que teve de convidar para suas aulas o grande escritor argentino, Jorge Luis Borges. Logo após a etapa do magistério, Jorge estudou Teologia e, em 1969, foi ordenado presbítero.
Apenas quatro anos após a ordenação, realizou a última etapa de formação da Companhia, conhecida como terceira provação. Em 1973 foi incorporado definitivamente na Companhia com a profissão solene que, além dos conselhos evangélicos, pronunciou o voto de obediência ao sumo pontífice acerca das missões. Logo após, recebeu a missão de ser mestre de noviços em San Miguel. Mas, tal missão durou muito pouco, pois no mesmo ano, o padre Pedro Arrupe, então superior geral da Companhia de Jesus, o nomeou superior provincial dos jesuítas da Argentina. Naquele momento, Jorge Bergoglio contava com apenas 34 anos. Mas, o que ele jamais imaginava é que a sua liderança, tecida dentro da espiritualidade de Santo Inácio de Loyola, um dia seria dom colocado à serviço de toda a Igreja como sucessor do apóstolo Pedro.
Bruno Franguelli, sj - Vatican News