Os onze discípulos voltaram à Galileia, à montanha que Jesus lhes tinha indicado. Quando o viram, prostraram-se; mas alguns tiveram dúvidas. Jesus se aproximou deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações,
e batizai-os no nome do Pai do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que tenho orde-nado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos”. (Mt 28,16-20)
Jesus Cristo convidou e reuniu colaboradores: 12 apóstolos, 72 discípulos, um grupo de mulheres e outros. No momento da sua ascensão ao céu, Jesus diz aos discípulos que ele cumpriu sua missão, mas que a mesma fica para eles continuarem. Ele manifestou a vontade que todos se tornassem seu colaboradores, todos discípulos-missionários, se imergindo na água batismal do seu ideal evangélico. Ser cristão não quer dizer ter poltrona reservada no paraíso, mas ter a missão de Cristo para continuar. Devemos dar sentido e salvação à nossa vida, fazendo da missão de JC. a nossa missão, encontrando nisso alegria e realização.
No Pentecostes nascerá a Igreja e nascerá missionária, com o Espírito Santo que impulsiona os apóstolos a escancarar as portas e sair a evangelizar.
A Igreja sabe que não é finalizada a si mesma; ela está a serviço do Reino de Deus. Importante não é que ela cresça, mas que cresça o Reino de Deus. Este crescimento é fruto da missão. Na Igreja o discípulo missionário “experimenta a necessidade de compartilhar com outros a sua alegria de ser enviado, de ir ao mundo para anunciar J. Cristo, morto e ressuscitado, e tornar realidade o amor e o serviço na pessoa dos mais necessitados, em uma palavra, em construir o Reino de Deus” (278e).
No passado era considerado como missão o apostolado desenvolvido pelos missionários entre os pagãos, nas nações não cristãs, em particular na África e na Ásia. Nos países cristãos não havia missão, mas “pastoral de conservação”. O Vaticano II disse que a missão é dimensão constitutiva da identidade da Igreja (AG 2). A Igreja deve desenvolver a missão em todo lugar e quotidianamente. Hoje em particular todos os ambientes são espaços de missão que deve ser global, multiforme e permanente. Em outras palavras, todos os cristãos devem viver “em estado permanente de missão” e ver a missão não como mera atividade, mas como mentalidade.
E não apenas procura doutrina, mas experiência. Ele segue Jesus timidamente de modo que a iniciativa é de Jesus que se volta para ele e o seu colega (o jovem João, filho de Zebedeu) e inicia o dialogo, e logo vai o convite de Jesus: “Venham e vejam”. Há uma tarde inesquecível, mágica, ao ponto de registrar a hora.
Há uma progressão: das neblinas do Jordão que nos lembram as neblinas das crenças hebraicas antigas, até a intuição do mistério divino, a fé em Jesus como Cordeiro-Servo, Mestre, Messias. A cena é ferial (toda vocação autêntica se inscreve no dia a dia), mas há um verdadeiro caminho vocacional: procurar e encontrar, seguir e permanecer.
Ademais, o encontro com Jesus faz de André um discípulo missionário entusiasta que logo empolgará o irmão (Simão Pedro) e o levará ao encontro com Jesus.
João [Batista] estava com dois discípulos. Vendo Jesus que ia passando, apontou: “Eis aí o Cordeiro de Deus”. Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram a Jesus. Jesus virou-se para trás, e vendo que os seguiam, perguntou: “O que é que vocês estão procurando?” Eles disseram:”Mestre, onde moras?”. Jesus respondeu: “Venham e vocês verão”. Então eles foram e viram onde Jesus morava. E começaram a viver com ele naquele mesmo dia. Eram mais ou menos quatro horas da tarde.
André, irmão de Simão Pedro era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram a Jesus. Ele encontrou primeiro o seu próprio irmão Simão e lhe disse: “Nós encontramos o Messias!”, (que quer dizer Cristo). Então André apresentou Simão a Jesus. Jesus olhou bem para Simão e disse: “Você é Simão, o filho de João. Você vai se chamar Cefas” (que quer dizer Pedra). (Jo 1,35-42)
O evangelho de João nos apresenta André como um jovem positivo. Ele é pescador e também isso tem seu peso. Com efeito, os pescadores, mesmo obedecendo à rotina de sair para a pesca toda noite, devem inventar sempre um novo caminho, sendo que a água não guarda rastos. Sim, cotidianamente o agricultor e o operário percorrem o mesmo caminho, enquanto o pescador com seu barco traça sempre caminho novo, diferente. E André sonha com um caminho di vida diferente. Por isso frequenta João Batista, como discípulo muito achegado. André tem um anseio, procura a estrela guia da sua vida e a encontra.
A passagem, porém, de “missão como atividade” para “missão como postura” dificilmente acontecerá sem gestos missionários fortes.
Precisam gestos ou momentos missionários pontuais, os quais têm grande força pedagógica. João Paulo II disse: “precisa catalisar a perspectiva missionária com experiências bem concretas”. Experiências bem concretas são as missões no além-mar, na África e na Ásia. São também as missões populares e as visitas missionárias. E a missão está vinculada com o projeto do Reino, que é uma proposta de ruptura com todo sistema, lógica, prática e mentalidade de dominação e poder; una proposta de transformação do mundo.
Tão importante e grande é a missão, que deve ser feita em mutirão, em comunidade.
De fato Jesus não deixou à missão dele, apenas para os padres continuarem: ele deixou-a às comunidades. E nas comunidades cada um descobre seu ministério, seu carisma, de acordo com sua vocação, ciente que na Igreja-comunidade não há “soldados rasos”, fieis passivos: todo cristão é chamado a um trabalho específico. São Paulo não cansa de nos lembrar que somos um “corpo de muitos membros e funções, que tem Cristo como cabeça”.
Pe. Arnaldo De Vidi.