Missionárias de Maria - Xaverianas: Uma família para o mundo!
São Guido Maria Conforti, após ter fundado em 1895, a Congregação dos Missionários Xaverianos, pensou em dar início também a uma Congregação feminina com a mesma espiritualidade, e que colaborasse na ação evangelizadora junto aos padres missionários.
A ideia se fortaleceu na mente do bispo, sobretudo quando visitou as comunidades de seus missionários na China. No entanto, faleceu no dia 05 de novembro de 1931, três anos depois desta viagem, sem ter tido tempo de realizar a obra que sonhara.
Com o passar dos anos, uma nova luz penetrou na mente e no coração de um jovem padre missionário,padre Giacomo Spagnolo, o qual a Providência escolhia para fundar a Congregação das Missionárias de Maria - Xaverianas. Padre Giacomo Spagnolo nasceu no dia 31 de Janeiro de 1912, numa cidade chamadaRotzo, situada nas montanhas, no norte da Itália. Era o primeiro de nove irmãos, e, ainda jovem, entrou no Seminário dos Missionários Xaverianos, onde fez todos os seus estudos. Foi ordenado sacerdote no ano de1934, com então, 22 anos. Através de seus escritos, sabe-se que, sem conhecer o plano de Dom Guido, achou-se “providencialmente” envolvido na realização de um projeto no qual nunca havia pensado. Assim registrou no seu diário, perguntando à si mesmo: “...cada vez que dialogas com teu Senhor, volta à mente aquele projeto... não dá pra deixa-la cair. Mas será isso mesmo que deves fazer?”
Enquanto aguardava sinais mais legíveis do seu Senhor, alimentava na oração aquela inspiração inicial. Para a realização da obra era necessária a colaboração de uma mulher. Esta deveria acolher as jovens que iriam fazer parte dessa família como missionárias, e se tornar para todas a “Madre”.
No dia 02 de julho de 1934,assim relata em seus escritos: “... dias atrás, pensando no Instituto das nossas missionárias, em cuja fundação estou-me interessando, me veio à mente a senhorita Bóttego, como uma pessoa apta, sob todos os aspectos, para dar origem a semelhante obra”. Ao ser interpelada sobre o assunto, a professora Celestina Bóttego, manifestou-se surpresa e perplexa. Ofereceu-se para colaborar com o que fosse necessário, mas pessoalmente não se considerava apta para iniciar a nova congregação. Padre Giacomo, convencido do contrário, intensificou sua oração e sua disponibilidade ao plano de Deus. A princípio, decidiu não mais falar sobre o assunto com a senhorita Celestina.
Na ocasião da Páscoa de 1944, padre Giacomo enviou à professora Celestina um cartão significativo, com a reprodução do Cristo Crucificado de Velázquez. Naquele cartão escreveu uma única palavra: “TUDO”.
Aquela palavra, sem comentário algum, tocou profundamente Celestina e não a deixou em paz. No registro desta data, dia 24 de maio de 1944, lê-se estas palavras:
“Esta tarde, saído da capela, vi a senhorita... disse-me que depois da decisão tomada a respeito da Obra, não ficou tranquila... que a imagem do Crucificado que lhe havia enviado por ocasião da Páscoa, com a inscrição ‘TUDO’, a tinha tocado mais ainda. Manifestei-lhe a minha intenção de procurar seguir unicamente a vontade de Jesus, esperando sempre d’Ele o sinal para agir...”.
No fim da página do diário, padre Giacomo escreveu: “Hoje a Congregação ganhou a sua Fundadora que ao Senhor pronunciou o seu FIAT”.
De vez em quando, ao expressar-se sobre aquele fato que originou a Congregação, padre Giacomo voltava a lembrar as irmãs: “Vocês são filhas daquele pensamento de totalidade. Pois, vivam-no!!!”
Celestina Bóttego nasceu em Ohio, USA, no ano de 1895. Seu pai era italiano e sua mãe irlandesa.
Com idade de 15 anos, foi para a Itália, ocasião em que aprendeu a conhecer e amar também as suas raízes italianas.
Soube fundir o melhor das duas culturas que a tinham gerado e que, providencialmente, a prepararam à missão de ser o elo entre povos de culturas diferentes.
Em 1935 foi convidada para ensinar inglês no curso de teologia dos Missionários Xaverianos.
Naquela época não era comum uma mulher ensinar num seminário, e Celestina foi presença natural e luminosa também naquele ambiente.
Dar início à família das Missionárias de Maria, foi uma escolha não programada, tanto para o Padre Giacomo, como para a Madre Celestina.
São fatos que a vida reserva para quem se torna disponível a vontade de Deus.
Madre Celestina doou à Congregação o seu espírito de fé e de oração, o seu zelo apostólico, a delicadeza feminina, um amor suave e disponível, além de todos os seus bens materiais. Era notória a sua acolhida para com todos.
Aceitou a doença e a morte com fé renovada e total entrega à vontade de Deus, na certeza da ressurreição.
Faleceu na casa madre em Parma, Itália, a 20 de agosto de 1980.
- [Giomar Henrique Clemente]