Um religioso não deve jamais renunciar à profecia
O Papa falando para os Superiores dos Religiosos pede para que despertem o mundo, porque a nota característica da Vida Consagrada é a profecia. Para Francisco a radicalidade evangélica não é própria apenas dos religiosos, mas de todos os Cristãos.
Entretanto, “os religiosos seguem o Senhor de uma maneira especial, de modo profético”. Ele insiste para que os consagrados “sejam profetas que testemunham como viveu Jesus nesta terra...” Enfim, “Um religioso não deve jamais renunciar à profecia”.
O profeta recebe de Deus a capacidade de perscrutar a história em que vive e interpretar os acontecimentos. É como uma sentinela que vigia durante a noite e sabe quando chega a aurora (cf. Is 21, 11-12). Ele conhece a Deus e conhece os homens e as mulheres com a problemática do tempo e contexto. É capaz de discernimento e também de denunciar o mal do pecado e as injustiças, porque é livre, não deve responder a outros senhores que não seja a Deus, não tem outros interesses além dos de Deus. O profeta está sempre da parte dos pobres e indefesos, porque sabe que o próprio Deus está da parte deles.
Ele anuncia o amor fiel e misericordioso de Deus para com seu povo, se este se converte e volta a conhecê-lo.
Para o profeta, o conhecimento de Deus não é uma atitude intelectual, mas uma adesão amorosa, através de uma prática que corresponda ao projeto de Deus, elaborado no deserto por ocasião do êxodo. Portanto, o profeta se inspira na ação libertadora de Deus.
Ser profeta no mundo de hoje não é fácil. Às vezes, como aconteceu com Elias e Jonas, vem à tentação de fugir da realidade, de subtrair-se ao dever da profecia, porque é demasiado exigente, desgastante e se desilude com os resultados. Mas o profeta tem a certeza que nunca está sozinho, Deus está junto. Também a nós, como fez a Jeremias, Deus assegura: “Não terás medo... pois Eu estou contigo para te livrar” (Jr 1, 8).
O missionário (a) é chamado a ser o profeta por excelência, a estar sempre do lado dos pobres, a não se acomodar, a estar em saída, anunciando a esperança ao povo. Estar em saída, que exige conversão constante para que aconteça uma ruptura profética com à cultura dominadora, com gestos concretos, com o dom da vida e com sinais que revelam a presença de Deus.
O missionário (a) como profeta se dirige em primeiro lugar, aos pobres, aos excluídos, “não são somente explorados, mas supérfluos e descartáveis” (DAp 65). Entre estes o povo de rua, os migrantes, os dependentes químicos, os presos, os indígenas, os afro-descendentes...
Pe. Rafael Lopez Villasenor.