O suicídio é o ato de desespero onde o indivíduo, de maneira intencional, tira a própria vida. É um fator multicausal, podendo estar associado a questões psicológicas, familiares, culturais, genéticas entre outras. Porém, antes de chegar de fato ao suicídio o indivíduo tem pensamentos, ideias e tentativas de como poderia tirar a própria vida. Infelizmente as tentativas de suicídio são muito mais frequentes que o próprio suicídio e, segundo a Organização Mundial da Saúde, as pessoas que tentam suicídio irão repetir novamente em algum momento da vida.

De acordo com uma pesquisa realizada em 2021 (OMS), as mortes causadas pelo suicídio estão cada vez mais altas na estatística mundial, sendo que os números maiores estão na América do Sul, América Central e nos países da Europa Oriental.

De acordo com estudos, o Brasil está entre os 10 países com maior número de suicídios no mundo, a cada 45 minutos há um suicídio no Brasil. Este acontece em maior quantidade no sexo masculino com as idades de 15 à 29 anos e, atualmente tem chamado a atenção o aumento da taxa de suicido entre os idosos com mais de 70 anos. A depressão é o diagnóstico mais comum nos casos de suicídio, seguida do abuso de substâncias, transtornos mentais e doenças crônicas.

A atenção a prevenção do suicídio ficou mais importante agora em decorrência da pandemia COVID-19 que trouxe à tona fatores de risco ao suicido como o desemprego, as preocupações financeiras, o isolamento social, perdas repentinas, entre outros. Foi percebido também que o nível de depressão e ansiedade aumentou significativamente na juventude comparado aos números da pré-pandemia. 

Você sabe o que é o Setembro Amarelo?

O setembro Amarelo é uma campanha conhecida mundialmente e destinada a conscientização na prevenção do suicídio. A Organização Mundial da Saúde, estabeleceu que dia 10 de setembro seria o dia Mundial de Prevenção do Suicídio. 

Este movimento surgiu depois que Mike Emme, de 17 anos nos EUA cometeu suicídio. Ele era conhecido por sua personalidade carinhosa e por seu carro Mustang Amarelo, sua cor preferida. Infelizmente nem sua família e seus amigos perceberam os sinais que o jovem vinha apresentando para tirar a sua própria vida. No funeral eles decidiram montar uma cesta de cartões e fitas amarelas com a mensagem “Se precisar, peça ajuda”. 

A ação ganhou grandes proporções e se estendeu por todo país e hoje é mundialmente exercida. O principal objetivo da campanha é a conscientização sobre a prevenção do suicídio, buscando alertar a população a respeito da realidade da prática no Brasil e em todo o mundo.

“Quem quer se matar não avisa”  AVISA SIM!

Por ser tratar de um tabu, aqueles que estão passando por este tipo de situação pode encontrar muita dificuldade em pedir ajuda e demonstrar que estão sofrendo. Sendo assim, pode ser muito difícil de ser percebido por aqueles que estão próximos, então fique atento.

Mudança de comportamento:

A pessoa agia de uma maneira e de repente passa a ter comportamentos não característicos dela. Passam a se isolar, deixam de fazer coisas que antes faziam como: sair com os amigos, estar com a família, passear, interagir nas redes sociais, etc, preferindo ficar sozinhas e sem nenhum contato.

Agressividade e tristeza excessiva.

Começam a ter reações agressivas na fala e nas atitudes não condizentes com a situações, ficando mais nervosas e irritadas com mais facilidade. Tem crises de choro e muita tristeza sem um motivo aparente.

Falta de esperança ou visão negativa do futuro.

Começam a falar mais sobre a morte, demonstrando preocupação ou enaltecendo a própria morte, se interessam mais por assuntos e músicas relacionadas a morte, não apresentando interesse e expectativa pelo futuro.

Textos e comentários relacionados a morte como: “vou deixar vocês em paz”; “eu só atrapalho”; “Eu queria dormir pra nunca mais acordar”; “Nada muda, eu queria morrer que pelo menos melhoraria.” situações como estas muitas vezes são vistas como uma chantagem emocional ou alguém querendo chamar atenção, porém, pode ser um pedido de socorro.

O Suicídio pode ser evitado.

Caso você conheça alguém que esteja passando por situações difíceis e estejam apresentando comportamentos como os que foram citados, fique atento, pois, ela pode estar precisando de ajuda e não está conseguindo sozinha.

O que fazer:

• Encontre um lugar reservado e tempo adequado para conversar com esta pessoa. Ela precisa sentir segura e ser ouvida sem julgamentos, e saber que terá apoio para vencer esta situação.
• Incentive a procurar uma ajuda profissional como um psicólogo e um médico o quanto antes. E se ofereça para estar com ela neste momento, caso for preciso.
• Caso você perceba que ela está muito frágil emocionalmente e pode cometer a qualquer momento algo contra a própria vida, não a deixe sozinha. Procure imediatamente um serviço de saúde de emergência e entre em contato com alguém de confiança da pessoa. Ela precisa estar em segurança.

O que não fazer:

• Não julgue. “ É covardia,.. É loucura..” A dor que ela está passando pode ser algo insuportável e ela não sabe o que fazer neste momento.
• Não desvalorize o sentimento.“ Isto que você está passando não é nada...” A dor é individual e só ela sabe a dor e a angustia que está vivendo. 
• Não opine e não compare com outras pessoas. “ Está faltando algo na sua vida, fulano foi a igreja e se curou”... A espiritualidade é necessária e é um grande apoio em momentos difíceis, porém, tem situações onde a intervenção de profissionais da saúde é prioritária. 
• Evite as frases de incentivo vazias.“Olhe a vida pelo lado bom...” A pessoa que está em situação de desespero precisa de toda a ajuda necessária para passar por esta situação, então no lugar deste tipo de frase diga “Vamos, eu vou com você, você não está sozinho”

Lugares de ajuda.

Em cada região existem serviços especializados para este cuidado. No Brasil temos o CVV – Centro de Valorização a Vida, que 24 horas por dia, através de telefone, email e chat, oferecem apoio emocional e prevenção do suicídio a todas as pessoas que necessitam. Também é possível buscar o CAPs ( Centro de Atenção Psicossocial), as unidades básicas de saúde, os Pronto Socorros e Hospitais que oferecem este tipo de ajuda.

 A prevenção do suicídio começa em casa, nas nossas famílias. É preciso favorecer o diálogo e a convivência familiar, mesmo que pareça um desafio insista. Seja criativo, convide para fazer coisas que antes fazia e devido a correria do dia-a-dia ficou esquecido. Fique atento aos pedidos de ajuda escondidos na nossa família e ofereça ajuda.

Se for possível, promova rodas de conversas nas escolas, igrejas e locais de trabalho trazendo à tona o conhecimento sobre este assunto. A prevenção do suicídio se faz necessária em todos os locais da sociedade e este tipo ação e cuidado poderão contribuir para a diminuição destes acontecimentos. 

Danielly Borges - Fonte: site das xaverianas