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Os xaverianos no Marrocos e a fraternidade universal de Charles de Fouculd


Charles de Focauld será canonizado em 15 de maio, junto a outros novos beatos, a primeira das canonizações após a pandemia. No prefácio do livro da irmãzinha Annie de Jesus afirma que o irmão Charles é mais admirado que conhecido. Me idêntico com esta frase, pois sempre gostei do irmão Charles de Foucauld; mas agora, fazendo caminho junto com a Igreja que vivo em Marrocos, que consegui descobrir um pouco mais de sua espiritualidade.

Quando os xaverianos chegamos a Marrocos, em outubro de 2020, se constituía uma equipe interdiocesana para preparar e animar a canonização de Charles de Foucauld. Lembremos a citação de Fratelli Tutti (n. 286 e 287) a proposito deste evento:

Neste espaço de reflexão sobre a fraternidade universal, senti-me motivado especialmente por São Francisco de Assis e também por outros irmãos que não são católicos: Martin Luther King, Desmond Tutu, Mahatma Mohandas Gandhi e muitos outros. Mas quero terminar lembrando uma outra pessoa de profunda fé, que, a partir da sua intensa experiência de Deus, realizou um caminho de transformação até se sentir irmão de todos. Refiro-me ao Beato Carlos de Foucauld.

O seu ideal duma entrega total a Deus encaminhou-o para uma identificação com os últimos, os mais abandonados no interior do deserto africano. Naquele contexto, afloravam os seus desejos de sentir todo o ser humano como um irmão, e pedia a um amigo: «Peça a Deus que eu seja realmente o irmão de todos». Enfim queria ser «o irmão universal». Mas somente identificando-se com os últimos é que chegou a ser irmão de todos. Que Deus inspire este ideal a cada um de nós. Amém.

Um aspecto que tenho refletido no Marrocos tem sido a Espiritualidade de Charles. Tem muito que ver com a busca de Deus, a encarnação e a vida oculta de Jesus durante seus anos vivenciados em Nazareth, seu amor para com a Eucaristia, sua vivência da Fraternidade Universal com grande bondade, sua continua conversão interior para fazer presente Jesus aos outros ao estilo de Maria. Ela, no mistério da visitação à prima Isabel, é portadora de Jesus e ademais, nesse encontro acolhe a ação do Espirito Santo que redimensiona a vida e a fé.

Retiro itinerante: “Na busca de Deus, seguindo os passos de Foucauld”

Na equipe interdiocesana se organizaram diferentes atividades: artigos, vídeos, retiros, elaboração de material, exposições, etc. Este começo no Mosteiro de Notre-Dame de l´Atlas, na direção para às montanhas do Alto Atlas marroquino, aonde vivem os nômades. Bom lembrar que Charles de Foucauld viveu na Trapa durante seis anos: na da Nossa Senhora das Neves na França, na de Akbés na Síria e finalmente, em Staoueli na Argélia. Os monges de Tibirine, agora beatos mártires, se inspiravam em Charles de Foucauld para sua presença na Argélia.

Nosso grupo era pequeno, mas com grande beleza na diversidade: Benin, Burkina Faso, Costa de Marfim, Espanha, França, Gabo, Guine Conakry e México. A maioria jovens estudantes que vivem no Marrocos, duas mães, uma irmãzinha de Jesus, um leigo assistente paroquial e eu. Fico com as palavras de Maylise, mãe de seis filhos e esposa de um militar: “Nosso retiro teve o valor não de visitar os lugares aonde Charles de Foucauld passou, mas pessoas que deram continuidade à espiritualidade de Tibhirine, os de Notre Dame de l’Atlas, o padre Peryguère, Cécile y Marie (franciscanas missionárias de Maria) que viveram na tenda dos nómades, Sharif nosso guia muçulmano, que conservou a capelas das religiosas intacta, na qual oramos, claro os nômades que nos acolheram na tenda das montanhas do Alto Atlas”.

Vivemos várias coisas que podemos sublinhar: diversidade de origens no desejo de caminhar juntos, fazendo tudo para compartilhar a fraternidade; de fato caminhar e orar; a hospitalidade dos nômades e muçulmanos, a mesma que Charles de Foucauld viveu e da qual aprendi muito sobre Jesus de Nazareth e da ação de Deus em que os povos a acolheram.

A Eucaristia que celebramos na montanha, Shaf, nosso amigo e guia muçulmano, nos pediu de participar da reflexão compartilhada, em que nos dizia: “Isto é o que nos pede a religião a cada um de nós, pensar no pobre, vocês deixaram os amigos para visitar os nômades e pobres, para os conhecer, isto é o que Deus quer, isso é a fraternidade”, E um jovem exclamava depois: “Jamais pensei que um muçulmano participaria da missa e que ademais participasse da nossa reflexão, agora volto para Rabat no tranvia já não serei indiferente aos muçulmanos, como até agora, sei que eles tem uma riqueza que nos dar e nós devemos estar abertos”.

Está claro que veio ao espirito a experiência de Charles de Foucauld quando fazia sua exploração de Marrocos e que escrevia anos mais tarde para o amigo Henry de Castries: “O Islamismo produziu em mim uma profunda comoção. A vista de esta fé, de estas almas vivendo na presença continua de Deus, me fez vislumbrar algo de mais grande e mais verdadeiro que as ocupações mundanas. Comecei a estudar o Islã, logo a Bíblia”.  

A presença xaveriana em Marrocos e Charles de Foucauld

A irmã Elli Miriam, provincial das Irmãzinhas de Jesus no Marrocos e Argélia, estava impressionada ao saber que os xaverianos éramos três padres que vivemos em uma cidade aonde somos os únicos cristãos. Com ocasião da preparação para a canonização, esteve na nossa comunidade e ficou surpresa do amor e alegria que temos de vivermos aqui e da convicção com que vivemos nossa fé e presença no médio dos irmãos muçulmanos. Ver celebrar aqui os três, cotidianamente a Eucaristia, que nos une ao povo ao que fomos enviados é a espiritualidade de Foucauld. Tal foi a impressão que fez a sugestão a dom Claude Rault, bispo emérito do Saara argelino, que venha nos conhecer e conversar com a gente. Claude Rault nos visitou e imediatamente foi tecida uma comunhão convertida em laço de amizade. Ele, também nos acompanhou a uma ração com os “sufis” da confraria Alawiye e nos falo do Riber-El-Salam do que é fundador junto a Cristian de Chergé.

Como vivemos os xaverianos o espirito de Charles de Foucauld?

Chegamos há pouco tempo ao Marrocos para uma nova fundação na diocese de tanger, para abrir uma comunidade, os principais destinatários são nossos irmãos e irmãs marroquinos. Nossa família missionária tem como lema “Fazer do mundo uma família”. Então, de maneira semelhante nos sentimos no mesmo caminho do irmão universal, no meio dos muçulmanos, como afirmam nossas constituições no número 9: “Pelo nosso carisma especifico, somo enviados a populações e grupos de homens não cristãos, fora do nosso ambiente, cultura e Igreja de originem. Fies às preferencias de Cristo, dirigimo-nos em particular, entre os não cristãos, aos destinatários privilegiados do Reino: os pobres, os fracos, os marginalizados pela sociedade, as vítimas da opressão e da injustiça”.

A espiritualidade da Visitação

O documento Servidores de Esperança da Conferência Episcopal Regional do Norte de África (CERNA) do 01 de dezembro 2014 (memória litúrgica de Charles de Foucauld). Descreve de maneira muito bonita a missão como uma visitação: “Gostaríamos de ler o relato da visitação (Lc 1, 39-56) no paradigma da missão. Longe de toda conquista, a missão é uma Visitação. Como Maria, que leva aquele que nos leva a nós, saímos a visitar a nossos irmão e irmãs para os ajudar e cada encontro é como uma efusão do Espírito Santo, um Pentecostes. Como no relato da Visitação, o Espírito é o artífice do encontro, possibilitando a ação de graças pelos frutos recebidos, frutos que são sempre surpreendentes. ... Maria porta a Grand Esperança. O Espírito leva a Maria e à Igreja para a missão. Com o trabalho no interior dos corações dispõe a acolhida e abre à fecundidade do Céu. A história das nossas Igrejas é a história dos encontros da humanidade. A graça “de ir para” nos faz experimentar uma alegria semelhante àquela que brotou durante o encontro entre Isabel e Maria. Os tesouros que uma e outra levam no seio se estremeceram dentro delas… Nossas Igrejas, seguem as pecadas de Maria, vivem o apostolado do encontro. Conduzidos pelo Espírito, em nós brota a alegria quando nossos corações se abrem para o mistério do outro. Isabel “libertou” o Magnificat de Maria.” Em resumo, como me dizia Jean-Pierre Flachaire, prior do Monastério de Notre-Dame de l’Atlas “nosso trabalho é nos converter cada dia mais a Cristo, para poder o levar aos outros e que nós sejamos melhores cristãos e eles sejam melhores muçulmanos”.

Conclusão

Quando Charles de Foucauld chegava a Tanger, em 20 de junho de 1896, ele não tinha fé, estava disfarçado de judeu, tinha a grande inquietude no coração e não se dava conta que Deus o levava na mão. O seu encontro com o mundo muçulmano lhe impressionou profundamente. Seu coração se tinha prendado de Deus e entrava nas igrejas com uma estranha oração: “Meu Deus, se existes, faz que te conheça”. Mas tarde dirá com grande convicção: “Tão logo como acreditei que Deus existia, compreendi que não poderia fazer outra coisa que viver para ele. Minha vocação religiosa data da mesma hora de minha fé. Deus é grande! Há muita diferença entre Deus e todo aquele que não o é!”.

O itinerário de Charles de Foucauld marca muitos jovens que hoje saem da zona de conforto ao encontro de experiências como voluntários. Curiosamente, muitos jovens, se encontraram com a fé simples dos povos longínquos, voltam a viver a experiência de Foucauld. Lembrando a um jovem da Espanha que, depois do encontro com os indígenas de México exclamava: “Eles vivem a Deus. Aqui todo fala de Deus, a natureza, o povo, as celebrações”.

Quero me referir ao livro de Christian Salenson “Témoins de l’avenir Charles de Foucauld, Luis Massigon, Christian de Chergé”. Na conclusão, nos convida para descobrir o tempo da missão em que vivemos, para darmos conta de que existe um novo paradigma da missão em que se vive a hospitalidade fecunda, a fraternidade universal, o dialogo da salvação, a oração unida à missão e a Eucaristia como sacramento da missão de Deus e no diálogo com o islã. “Charles de Foucauld foi particularmente inovador. A celebração e a presença eucarística no foram unicamente elementos importantes da sua espiritualidade. A celebração e adoração eucarística eram sua missão no meio dos Tuaregs... (sem Eucaristia) não era a missa que lhe faltava, mas a missão, não tinha sentido e razão de ser: conservar o signo da presença eucarística”.

Elli Miriam nos dizia que os elementos da comida com os muçulmanos na celebração eucaristia. Assim o vivemos o passado mês de abril, no Encontro da Páscoa missionária com os jovens espanhóis e com os irmãos da confraria Alawiya de Tetuán, vivendo o Iftar (ruptura do jejum), momento em que eles terminam o jejum cotidiano do Ramadan. Experimentamos a comunhão e a oração, presença divina, presença humana e uma grande alegria que dá paz.

Charles de Foucauld: seguindo teus passos aprendemos a viver a missão no século XXI. Que o Espírito Santo nos abra a sua ação; como dizia Jean-Pierre Schumacher, “que nossa tarefa seja a de perceber a ação de Deus nos irmãos muçulmanos” e em todos os outros irmãos e irmãs que não tem a nossa fé e são ocasião para descobrirmos o caminho para Deus. 

Rolando Ruiz Duran, sx


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